Guardei-te junto com os sorrisos. Puxo sempre seu rosto do meu bolso. Retiro o cabelo de seu rosto, pra poder enxergar por completo seus olhos. Lá estão como estrelas que brilham como água cristalina, transparece. Janelas da alma. Aquela expressão ali guardada. Pra todo o sempre. A suposta felicidade. O que ficou aqui guardado por toda eternidade. Eternidade que se tornou passageira, do sentimento que a movia, eternidade que se tornou uma asneira, depois que disseste com se sentia.
A fumaça se dissipa no ar, se funde se espalha. Ela se torna parte dele. Do todo, do vento. O mesmo que faz seu cabelo esvoaçar, que derruba as folhas, que traz ciscos para atrapalhar o seu olhar. Dizem que a alma se funde ao vento. Dizem que o sentir se torna o relento. Dizem que tudo vai ao infinito com o pensamento. Logo após destino algum “pensar”. Mas que tudo sempre vai ser válido, de aprender, eu hei de me lembrar, como fui tolo ao tentar transpassar, o que jamais poderia esquecer, mesmo quando viesse a hesitar, sobre vivê-lo novamente, sobre senti-lo ardentemente, aquele maldito e sublime sentimento transparente.
Escorrendo como um rio ao encontro do seu delta, tentando voar como um pássaro engaiolado, recém libertado, sentindo o ar penetrando em suas asas num vôo rasante na mais nova caçada, em busca do que perdeu em busca do que sou “eu”. Sem complementos agora tenho que juntar todas as peças, pra formar o novo “eu”, tentar buscar o que se perdeu.
Sinto o sereno me abraçar, respiro fundo esse ar. Trago mais um pouco de mim. O caminho ainda é nebuloso, e eu insisto em aspirar, insisto em tragar pra dentro de mim. Insisto em guardar aqui, aquele cheiro que ali permaneceu. Sim, aquele seu, eu me lembro. Me transporto para aquele momento. Agora sei. Tenho que ir e deixar tudo aqui, já finado se tornou lembrança. Boa até. Mesmo após a tormenta. Aqui. Daqui nunca há de sair.
Por Cadu Tenório e Breno Araújo