E você vive uma fantasia, mais nessa fantasia você voa sozinho, não existe terra do nunca e você não está compartilhando nem mesmo seu ar com os outros e suas vestes sempre te parecem sujas, por mais que você use aquele alvejante que você viu na propaganda da tv. E o que é a TV? Por que ela te ilude tanto? Não tanto quanto aquelas musicas o fazem, certo? Por que me sinto atraído por um pedaço de metal com rodas? E a velocidade, Por que sempre você valoriza o que te faz ficar mais atento mais rápido? Aquilo que você pensa que faz isso é apenas um acelerador, mas o desgaste é tão maior quanto à velocidade, o prazo de validade é o mesmo, como já falavam há tempos, "a pressa é inimiga da perfeição", não alimente seu inimigo.
Mas mesmo assim, como ainda insistem em dizer "nessa idade entra por um ouvido, sai pelo outro", acelerando sempre mais e mais eu pego a avenida em direção a BR, encontro uma grande reta e confronto meu carro até onde ele pode ir, e isso simplesmente me alivia, por um momento todo aquele vento batendo sobre o meu rosto em um carro em alta velocidade com os vidros abertos eu consigo por um instante sentir o que um pássaro sente quando abre as asas e voa de uma montanha. Até acordar e perceber que não sou um pássaro, com a morte em minha frente e a adrenalina dando cabo de acelerar tudo por dentro, o nervosismo e o perigo disso tudo, não tinham espaço na minha mente há pouco tempo atrás, eu descobri a morte, em um corpo murchando como uma bola de gás.
E por isso acho que nunca amei alguém a não ser aquele que vejo no espelho. Passando a mão sobre o cabelo e lendo um bom livro de historia ou filosofia, por que será que há mil anos atrás isso que eu falo já era tão atual? Afortunado eu sou, pois tenho complexos um dia vividos por Narciso, hoje em dia falam que isso é muito importante, talvez por isso ninguém consiga ser tão gentil quanto antes e outros ao subir um degrau puxam os que estão mais acima, talvez o mundo esteja acabando, mas quem liga? A TV fala para eu não me importar com o futuro das coisas, a TV fala para eu deixar a política de lado é tudo normal é tudo comum, aqueles que passam fome estão dentro da margem e enquanto isso eu me encontro em um shoping tomando um soverte, comprando algumas besteiras, assistindo a algum filme e vou embora de lá com uma bela garota em meu belo carro.
De belos e belos entre feios e feios. O feio, o Belo. O belo, o feio. A vida, a morte. Dualidades, liberdade, libertinagens. Vontade, silêncio. Amor, salvação, clemência, visão, visto, dito, feito, aceito. Nada disso é mito, tudo depende de você, e dai que é clichê?
Por Breno e Cadu Tenorio