Saturday, April 14, 2007

Perdidos numa eterna transição.

Depois de um tempo sem postar, devido ao bloqueio criativo do Cadu, vai ai mais um texto recentemente feito por nós dois =D.

Simples, singelo, toda vida pode ser resumida em situações comuns, tenha você dinheiro ou não, tenha você a beleza comercial ou não, tenha você sucesso ou não. Perdidos em toda essa confusão eles se encontram, ela ainda jovem e no inicio de um casamento onde é praticamente impossível encontrar seu lugar numa relação a dois que será para sempre. Ele com um longo casamento, meia idade.

Dançaram os dois um tango do pecado, quentes, esqueciam de suas vidas no momento juntamente pra viver o momento, momento esse ao qual desde que se entendem por gente dizem-lhes para aproveitar, dois raios de luz que se cruzam por um milésimo de segundos que se estende por algumas horas em nossa noção primitiva de tempo, ambos com seus compromissos marcados não passíveis a mudança, não-supostamente-passíveis ao "erro", erro esse o qual a vontade não desmerece, a vontade os enche o ouvido com "é isso, tu desejas" e suas mentes desejam de fato imaginando todo o circulo que se sucederia em uma cama circular de motel, gemendo ardentemente, ele com uivos, ela escandalosamente como seu marido provavelmente jamais vira. Os dois chegaram ali depois de uma conversa sedutora, não ligados de nenhuma forma, eram meros estranhos um para outro deixando florescer os estereótipos da carcaça de cada um, um para outro, fazendo com que interpretações pessoais se tornem abrangentes no decorrer da imaginação, estando com quem querem, e sendo quem querem ser. Por um momento se aproveita essa volátil liberdade, da qual na cabeça tenta-se suprimir a culpa, que é trocada por um orgasmo pasmo e delicioso de ambas as partes, a pressa com a qual se movimentavam, de frente pra trás, pra cima e pra baixo, roçando entre si o suor, se tornava urgente, como se eles reclamassem por isso, por essa liberdade, quisessem expelir pra fora o sofrimento, sentir o alivio do momento, o descanso imediato de seus corpos, o alivio, o diferente, a escolha, a suposta liberdade que não se tem, mas que no caso foi gostoso fingir que se tinha.

Ambos passam por situações ambíguas de uma mesma vida, de um mesmo traçado. Pare e defina “experiência”, como adquirimos “experiência de vida”? Será que realmente ganhamos isso com o passar do tempo ou simplesmente nos cansamos de fazer as velhas coisas tudo outra vez? Ambos provavelmente a tinham de ângulos diferentes, ela com suas histórias tristes de uma família partida e deprimida, ele com as histórias de um rigoroso pai, que o espancava sem piedade, e o qual talvez ele agradeça de certa forma, pela força que o auxiliou a ter. Ela comenta que no mundo de hoje a "idiotice" talvez seja necessária, pra acrescentar culpa e lamentação a nós eternos insatisfeitos, e diz ainda que os poucos momentos os quais somos felizes tem mais é que ser aproveitados, coisa com a qual ele concorda, presos e estagnados em uma realidade parecida como foi citado antes no texto, uma realidade que sim, gostariam que fosse pra vida toda, mas em pequenos momentos não.

Pequenos momentos somente pertencentes a eles concordam, não se incomodam de falar sobre tudo, sobre erros, sobre pecado, sobre prazer, são livres, pois não são eles, são quem querem ser e demonstram seus âmagos mais tristes um para outro, demonstram aquilo que acham que não devem mostrar a quem quer que seja feliz ao seu lado, as insatisfações que acabam se acumulando de relacionamentos impostos por machismo, onde contos de fadas são tomados por referencia e pessoas, não desejos sexuais ou insatisfações, eles alegam dessa forma, justificando seus atos, seus momentos de prazer, de liberdade. Libertaram-se agora de seus demônios interiores, puderam ser os maus pensamentos que tanto os incomodam por alguns segundos, puderam pô-los pra fora, puderam sentir-se afagados pelo encontro de um estranho que divide de mesmas angustias.

Repita a musica que você sempre ouviu antes de supostamente crescer e criar responsabilidades por você e por terceiros, capture novamente os sonhos que você guardava na pureza de sua infância, aqueles os quais com o passar do tempo foram mudando e se perdendo conforme você mudava suas prioridades, amadurecia, ou era forçado a esquecer, deixar pra trás. E é assim, por essa força, por esse amadurecimento, que você vai passar a fugir da felicidade, ou simplesmente mata-la, evitar que exista pela incerteza da duração e por conta da queda.

Por Breno Araújo e Cadu Tenório