Friday, November 10, 2006

Prisma.

Olhe tudo brilhando, mudando de cor e compartilhe esse arco-íris vivenciando tudo de forma comedida. Uma confissão por dia é assim que você vai se segurando é assim que você vai conseguindo segurar todo esse sentimento que às vezes polui tua mente. Uma pergunta: Você consegue durar esse tempo resistindo sem sair com escoriações? Não ouse responder sem antes molhar o bico com essa vodka barata que estás bebendo, pense bem, liberte-se de cada preceito que lhe aprisiona nessa realidade densa de cristal, que transparece quase nada do que realmente és. Vem cá, você sabe onde está sua moral? Sabe onde abandonou seu potencial? Por um acaso tem noção de por onde anda seu destino? Tá ai, isso você tenta ter, com isso esqueces de viver.

Ficção cientifica ou simplesmente contos esquecidos? Você sabe em qual contexto encaixa-se sua historia? Tente sentir o som a sua volta uma ultima vez, caminhe em linha reta buscando algo. E agora você se sente melhor? Você é o que sempre foi um covarde, sempre desistindo de ultima hora e quando mais necessitam de ti se perdes entre emaranhados de palavras e cicratizes antigas que se abrem constantemente te lembrando o que ocorreu há pouco tempo atrás. E ai você sangra, sangra pelos ferimentos e também sangra pelos olhos, chora aquele choro uivado, você uiva de dor, mas cadê a dor? Tu também não sabes onde ela foi parar. Ah sim, tu deixastes ela no fundo do ultimo copo da vodka vagabunda como de costume. Amanhã tudo volta... Tudo volta na tontura e na ânsia de vômito.

Um par de tênis bem no canto da sala, cristais refletindo junto ao sol, tudo parece estar onde sempre esteve no mesmo lugar, baladas tocando ao fundo e eu aqui sentado inconfortavelmente nessa poltrona confortável, contorcendo-me em busca de algo. E agora? Como podes? A única razão pra continuar seguindo as luzes que esses cristais refletem através de ti e por até então acha-las atraentes em certos pontos de vista, você a escureceu e nada vai voltar, uma pedra que rachei ao jogar no chão estará guardada para lembrar-me de não viver mais isso. Mas depender de um reles amuleto pra me aprisionar a mais uma limitação de meu ser, eu me classifico, me limito, me defino, me definho, sacrifico, cada ponto de luz que pude expelir pela minha alma já cortada, já esburacada de bala, já metralhada pela censura, mas o que seria a alma? Seria minha mente, meu pensamento, esse emaranhado, essa linha de pipa dada no chão toda embolada pra enrolar no carretel que vai acabar ficando cheia de nós, ou remendos de nós cortados. Perigo.

Cadê? Mostra-me? Onde tu guardaste tua vida? Vida é essa ai! Você ta escondendo essa porra no armário não é? Não devia, você devia vesti-la, e mostrar por ai, se gabar mesmo do seu presente, que nem é tão novo assim, mas acho que agora você já tem tamanho suficiente pra caber bem dentro. O que há contigo, porque falas sozinho? É eu sei você quer escutar de si o que és, já que só tem dado ouvido pros outros, espera acho nem pros outros você tem dado ouvidos direito, escuta o que queres, vê o que bem entende como entende e só entende quando quer entender, afinal você quer entender? "Pra quem você tem dado ouvidos?", "O que você quer da vida", "O que você vai ser?" Tu só ficas com essas perguntas pregadas em suas mãos, você está atrelado a elas, essa teia resistente. Não deixe isso acontecer, estão roubando tua vida de você. Isso, essa dose de vodka já deve estar te fazendo enxergar dois de mim, está gaguejando. Vai ao banheiro! Vá esvaziar mais ainda de si e dê descarga! Vá pelo ralo abaixo.

Acendo a luz, páro de me indagar sobre mim e através de mim, onde foi que eu enfiei minha vida? O prisma reflete a luz do lustre em meus olhos, o prisma brilha, brilha. Porque você não brilha como ele?

Sem ouvir meia palavra, ele cambaleou até a pia, lavou as mãos, olhou para o espelho espatifado, esqueceu de procurar, não achando e deitou-se na cama, dormiu.

Olhe tudo brilhando...


Por Breno Araújo e Cadu Tenório.

Wednesday, November 08, 2006

Faces de um mesmo eu.

Escolhemos esse texto para ser o primeiro depois das considerações iniciais do blog, o Cadu escreveu, dai mandou pra mim e eu mudei algumas coisas escrevi um pouco mais, enfim, é uma obra conjunta, tentaremos postar aqui sempre obras conjuntas, e as vezes composições próprias.

Breno


Dentre todas as visões essa é a mais especial, encontra-se todo dia em uma nova tonalidade, tudo parece mudar de lugar a cada perda, cada perda de segundo que parece escurecer diante dos olhos e apagar-se junto às fagulhas resplandecentes amareladas, de minuto que vem a clarear a chuva que cai junto com o sol, de um dia que parece inacabável até que uma grande luz branca surge no céu em formato de bola numa noite tão linda e essa “lâmpada” criada pela noite parece que ilumina mais à frente, eu já posso ver os pontos que até então pareciam cinzas. Fazem-se frases que ecoam em nossas mentes, eu digo pro infinito “eu sou”, sou, o que seria se não fosse? Não dá pra saber, afinal nada sai do meu controle, não no meu mundo, não na minha mente, não em meus castelos e estradas que eu próprio construí. Sou o rei do meu mundo, meu dono, meu mundo, às vezes preguiçoso, às vezes perseverante quando algo me incomoda, às vezes esqueço de dar descarga e fica tudo ali acumulado, aqueles pensamentos que eu queria que fossem embora, quando aperto o “botão” vai tudo pra longe, não me importo onde irei guardar aquelas lembranças, qualquer outra saída deságua em reações nervosas e as vezes até egoístas.

Respiramos o ar que os carros soltam, acabamos com o oxigênio e transformamos em gás carbônico, os carros soltam gás carbônico, nós respiramos, e ele vira o quê? Somado a fumaça desse seu vicio aí vira câncer, vira morte, vira não ser, ou sei lá o quê? Imagina? Não dá, vem um mar inteiro de possibilidades, nem os mares não se resumem a um só, são sete infinitos que os piratas perpetuam, não tem nada de seguro nesse infinito, tem triângulo das bermudas que é infinito indecifrável como qualquer infinito dentro do suposto infinito, e nos perdemos naqueles 180 graus que vemos, dá pra ver a curva do mundo que os antigos desenhavam como uma taça transbordando.

Absorvemos tudo, cada problema. Egoísmo? Acho que sim, não é? Ajudamos alguém porque somos bondosos? Veio um pensamento na minha cabeça, pensei assim: Absorvemos e aprendemos vivendo o problema dos outros, assintindo parece muito fácil, será que chega a ser reconfortante? Não sei tenho até medo de pensar, mas nos sentimos querendo demonstrar poder, aumentar o ego, egoísmo, e é assim que ajudamos, pensando em absorver tudo pra nós mesmos, nos sentir bem com isso, com o poder, poder, poder, poder, surtos megalomaníacos às vezes ou por hora, sempre que podemos. O que posso e não posso afinal? Digo por mim, quem sou? Acho que só sei o que quero ser, ou não sei o que quero ser sabendo o que sou? Sou os dois, assim, sendo os dois. É um conjunto do Eu. Sou eu. É, sou! E como ia dizendo anteriormente, não ser é um tanto quanto inimaginável. Você às vezes tenta capturar os sentimentos dos outros, como se fosse fácil assim, como se houvessem iscas pra tal coisa, mas no fim você vira o peixe, indefeso naquele anzol com algo saboroso na ponta. Aquele sabor com gosto de morte.

Por Cadu tenório e Breno Araújo.

Considerações Iniciais.

Esse blog é idéia do Cadu(Carlos Eduardo), ele e eu sempre fizemos varias parcerias em textos, eu escrevo,ele dá um acabamento, e vice-versa, ou simplesmente escrevemos partes e juntamos sobre um tema em comum. Eu geralmente abordo mais assuntos sobre polí­tica e vez ou outra eu tenho alguns surtos "pós-romanticos" como ele mesmo certa vez me rotulou ao ler um texto meu, e ele desenvolve textos sobre a maioria de nossos medos, "como vamos ser? Como será o amanhã?", E assim por diante, mas em sua maioria tanto eu, quanto ele procuramos explorar nossos próprios medos.

Breno.

Com a proposta de situar duas mentes em um único propósito, dois pensamentos com suas diferenças muitas vezes explicitas em uma idéia em comum, lembrando assim o desenvolvimento de uma sociedade, o desenvolver e o aprendizado que todos temos com as diferenças alheias, do que queremos e não queremos ser as certezas que se desenvolvem com o tempo, o concílio, foi isso que propus ao Breno quando sugeri que fizéssemos um blog juntos, que juntos pudéssemos expressar o que sentimos e achamos um complementando o outro, com a dualidade protagonizando a idéia. E é assim, com entendimentos e vidas diferenciados em varias camadas incluindo regionalmente que começamos aqui essa nossa pseudo-terapia.

Cadu.