E parece que está tudo quieto, mas na verdade não, como o ceratocone, esse barulho de vida nunca vai parar, só quando o nunca, de fato, se concretizar, findar o som e o ar, e mesmo assim nunca se saberá, nunca. Vivo a reclamar de nada, porque nem tenho do que reclamar, só faço mesmo pra adiar o movimento, adio tudo, tenho medo porque não se pode voltar, fico no meio do rio sem escolher lado nenhum esperando a correnteza me levar pra onde cai a cachoeira, mas o problema é que me encontro em uma banheira, me escondendo do mundo, digitando, escrevendo desenhando e tentando transformar insatisfação em qualquer espécie de manifestação artística do acaso. Manifestações que capturem meu momento, meu fantasma, e muitas vezes meus tormentos, por que às vezes isso me afaga, isso massageia meu ego ou impede que eu me entristeça mais quando as coisas que planejo ou que simplesmente “deixo rolar”, não acontecem com a pontualidade esperada. Enquanto isso ouço somente o som do teclado, digitando meus anseios, minha lágrimas, minhas perdas, meu medos comuns e incomuns, minhas particularidades sobre esse ou aquele assunto, e as vezes um personagem que tento criar pra me sentir mais humano.
Minha mente divaga consigo própria como sempre faz, remoendo coisas, pensando em somas de problemas e mais problemas psicossomáticos, psicológicos e psiquiátricos tentando achar sempre algo pra me distrair e fugir do meu foco, mas isso é viver, acho que isso é viver, hoje me senti são e salvo, me senti normal, mesmo remoendo tudo repetidas vezes e tendo medo - sim, tenho medo, o que não é nenhuma novidade. Tenho raiva também, sei que passa, mas quero apertar "stop" nela a hora que eu quiser, na verdade eu poderia clicar nela e apertar "delete", mas ai não seria mais eu, talvez essa megalomania grande que vem com essa vontade de fazer o impossível seja reflexo de contar demais que sou a imagem e semelhança de meu Pai, pelo menos eu posso dizer que um Pai me dá auxilio mesmo que sem palavras, mas espere - meu pai faz o mesmo, mas não o culpo, somos ambos inocentes, marinheiros de primeira viagem - Talvez isso seja bom, deve fazer com que eu cresça mais rápido, mas enquanto não - Me deixe fingir que ainda não cresci por mais alguns minutos - que essa minha necessidade de ser infantil até o fim continue instigando e originando vários e vários textos, músicas e desenhos repetitivos, me sinto um pecador, não quero blasfemar nem nada, peço perdão, perdão, perdão por tudo, eu tenho mais é que ME perdoar mesmo. O silêncio conseguiu escrever esse apanhado de palavras, ela, elas, todos, as mãos que me amassaram/amassam, desamassam, deixam marcas, assuam o nariz e fazem outras coisas mais, que me moldam, que me molham, que me deixam acidentalmente cair no chão, eu choro feito um recém nascido esperando que dêem palmadas no meu bumbum, mas tudo que encontro e vejo olhando pra cima é o chão, é hora de me segurar, com minhas próprias mãos.
Insidiosamente tudo acontece, brisa leve, vento forte, nevoa densa, chuva cortante, no final nada se encaixa, somente eu me encaixo nela e ele em mim, mas mesmo assim as vezes preciso testar minha liberdade, testar como sou sem ela, testar como sou eu.
Por Cadu Tenório e Breno Araújo
1 comment:
c me permite 1s sugestões de leituras, aki vai:
hilda hilst -com os meus olhos de cão. -a obscena senhora D.
e a poesia religiosa do vinicuis de moraes(aliás,dele,é muito boa a balada das duas moçinhas...)
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