Sunday, September 02, 2007

Vortex

Pertinente, quase que vive comigo, aquele zumbido no ouvido, uma e outra vez, se repete, e se repete, como uma gota caindo em um balde vazio, ressonando alto impedindo meu sono. As vezes por isso desejo ser uma barata, mas logo logo mudo de ideia porque parece assustador ter apenas três segundos de memória, renascer e mudar de objetivo a cada três segundos, mas assim eu poderia esquecer de muita coisa, ter diversas e diversas chances de 3 segundos onde eu conseguindo ou não, não iria importar. Mas mudo de ideia porque não existiria nada pra guardar, seria um vacuo, você não existiria nem pra me excitar durante os momentos em que tento me sentir menos só com minhas mãos.

Então, por quê? O que é? Escorrega entre meus dedos quase que sem eu ver. Perco um por do sol, perco uma lua cheia, perco pequenos momentos. O álcool vai se tornando medicamento prescrito para anestesiar o viver, o lutar, o se esforçar... Enfim, a vida no meio desse capitalismo. A vida é bela, um ótimo filme, inspirador, ver que o mundo pode ser moldado na cabeça de alguém menos experiente, ver que aqueles sorrisos são os mais sinceros, ainda está virgem, virgem de tristeza, virgem de morte, virgem de decepção, ainda não teve rachaduras no coração nem quebrou o nariz, o sangue ainda não escorreu, os anticorpos e as defesas ainda não são consistentes, a gripe ainda pode deixá-lo faltar aula. Pena que esses tempos em que eu ganhava dinheiro fácil, passaram. A realidade é quem vigora e pesa agora. Pensa como nunca, como pesos, e dólares, e os mimos que me deram me deixam estagnado, minha consciência funciona, mas não age, meu corpo tem preguiça, preciso agir, preciso agir, o tempo está passando, o mendigo me assusta, tenho pena dele, não sei da sua vida, e tenho medo de perguntar, odeio admitir. Quero crescer ou não? Já nem sei, sei que devo, só não sei querer ainda, mas quero querer, o querer querer é presente em minha vida, ele pode ser simplificado como qualquer outra fração, eu quero, preciso agir, o medo não me deixa nem lhe dar "Oi", o medo das escolhas que não se separam do denominador: renuncia.

Somente na retaguarda, fico observando os outros. Explosões brilhantes, lagrimas conflitantes, e se? E se? Se tivesse menos, buscaria por mais. Talvez se tivesse mais ficaria satisfeito. São só suposições estúpidas que faço pra passar o tempo ou mais provavelmente pra resguardar de tomar qualquer decisão, para me abster de qualquer voto.

Se amou ou deixo-se amar, não foi importante até então ou pelo menos nada influenciou no movimento em que a brisa levava meus pensamentos ou o vento forte e turbulento me trazia pensamentos ruins, escabrosos, tediantes, pensamentos esses os quais eu usava e uso - pretendo largar esse vício - pra me manter parado, problemas psicológicos, mulheres e etc... São ótimas armas e bodes expiatórios pra não olhar pra frente, pra não levar os tapas precisos, pra não criar cicatrizes novas, não crescer/fortalecer. Medo de mim mesmo, das possibilidades, receio ouvir respostas negativas, tudo isso é clichê demais para ser usado como justificativa, mas lhe pergunto: O que seria mais comum para te atormentar que um simples clichê?

Por Breno Araújo e Cadu Tenório

1 comment:

Chico Motta said...

onde tirou que a memória da barata tem três segundos? Caso não saiba a memória desses animais é coisa fantástica.. ao contrário do que expõe ai...